Não basta consignarmos que as leis foram cumpridas formalmente, quando milhões passam fome”, diz Bruno Dantas

O presidente em exercício do TCU, ministro Bruno Dantas, proferiu a palestra de abertura do primeiro dia do Fórum Internacional de Auditoria Governamental. Ele ressaltou a responsabilidade das instituições de controle no combate à pobreza

11/09/2022

Erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais são objetivos fundamentais do Brasil, expressos na Constituição Federal de 1988. No entanto, muito ainda precisa ser feito. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2020, 5,7% da população brasileira se encontrava abaixo da linha de pobreza internacional, isto é, vivia com menos de US$ 1,90 por dia. A situação se agravou após a pandemia de Covid-19, não só no Brasil, mas em todo o mundo. 

Diante desse cenário, o Fórum Internacional de Auditoria Governamental abre sua programação, nesta terça-feira (8/11), com palestras que abordam o tema. O objetivo foi discutir como as Instituições Superiores de Controle (ISC) podem contribuir para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentáveis 1 e 2: erradicação da pobreza e eliminação da fome no mundo.

O presidente em exercício do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, proferiu a primeira palestra magna. Ele destacou a responsabilidade das instituições superiores de controle:

O ministro ressaltou o movimento de alinhamento da Organização Internacional das Instituições Superiores de Controle (Intosai) aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e abordou, de forma mais detalhada, a atuação do TCU no combate à pobreza.

Entre as ações já empreendidas pelo Tribunal, Dantas destacou a fiscalização contínua de benefícios sociais; o acompanhamento do auxílio emergencial; a auditoria que compara seis programas sociais e avalia os impactos de cada um na pobreza e desigualdade; e a fiscalização sobre o Auxílio Brasil.

Segundo o ministro, o Tribunal tem empreendido esforços para impulsionar a adoção de uma medida multidimensional de pobreza para o país, por meio de estudos próprios, recomendações oficiais, reuniões técnicas com órgãos de governo e com a academia. “No entanto, o governo brasileiro continua reticente à mensuração multidimensional, e o Brasil permanece como um dos poucos países de sua região a não possuir um indicador próprio”, afirmou.

Para o ministro, o exemplo da atuação do TCU demonstra como as instituições de controle podem contribuir para o aperfeiçoamento das políticas voltadas ao alcance dos ODS. “A partir de uma visão qualificada de uma das maiores e mais urgentes mazelas do desenvolvimento social e econômico mundiais, temos muito a contribuir com o enfrentamento das desigualdades estruturais que assolam nossos países”, defende o presidente em exercício do TCU.

Janos Bartok, diretor-adjunto de governança da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), proferiu a segunda palestra magna. Ele falou sobre o papel das instituições superiores de controle na implementação de boas práticas de governança pública para redução da pobreza.

Para Bartok, numa época em que a desinformação influencia o debate público de forma tão evidente, é responsabilidade das instituições de controle cuidarem da confiabilidade das informações. “Nós precisamos de instituições confiáveis. E a confiança que as pessoas têm em uma instituição está diretamente ligada à qualidade da informação que essa instituição produz e à forma como compartilha essas informações com a sociedade. Transparência é fundamental”, ressaltou.

Painel

ministro do TCU Benjamin Zymler foi o moderador do primeiro painel do Fórum. Em seu discurso, ele destacou a necessidade de articulação e coordenação de ações entre formuladores, implementadores e avaliadores de políticas públicas. Para o ministro, diante dos desafios da Agenda 2030, é fundamental identificar e priorizar a alocação de recursos em iniciativas que demonstrem maior potencial de transformação da realidade e efetividade.

“A atuação das instituições superiores de controleno estímulo ao uso de dados e evidências, no ciclo de políticas públicas, tem imensa capacidade de contribuir para a melhoria da qualidade do gasto, o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável, a redução da pobreza e das desigualdades sociais”, disse Zymler.

O painel contou com três debatedores. Robert Saum, do Banco Mundial, abordou como as instituições de controle podem contribuir para a redução de fraude e corrupção na utilização dos recursos públicos empregados em programas de combate à pobreza e eliminação da fome. Ele enfatizou experiências relacionadas a países com grande número de vulneráveis.

Morgan Doyle, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), destacou a importância da transformação digital na focalização dos programas de combate à pobreza. Já Lorena Rivero del Paso, doFundo Monetário Internacional (FMI), falou sobre finanças públicas e prioridades transversais.

Sobre o Fórum

O Fórum Internacional de Auditoria Governamental acontece de 8 a 10 de novembro no Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro. O encontro, que é realizado pela Editora Fórum, integra a agenda oficial da XXIV Assembleia Geral das Instituições Superiores de Controle (Incosai) e conta com o apoio técnico do TCU.

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Ministra

Ana Arraes

Presidente do Tribunal de Contas da União – Brasil (TCU)

É com grande satisfação e honra que o Tribunal de Contas da União sedia, no Rio de Janeiro, o XXIV Congresso Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores, a ser realizado em novembro de 2022.

O encontro acontece em um momento crucial. O mundo foi severamente atingido pela pandemia da Covid-19. Neste cenário, embora ainda não haja prazo para a crise ser totalmente superada, a importância da cooperação internacional se destaca cada vez mais.

Essa é uma crise que não tem fronteiras e, consequentemente, as soluções para resolvê-la também não podem ser realizadas de forma isolada. Juntos, podemos trabalhar e contribuir concretamente para atender com mais assertividade e qualidade às demandas de nossas sociedades.

O Incosai reúne, a cada três anos, representantes das Entidades Fiscalizadoras Superiores (EFS) de todo o planeta, para uma semana de debates e intercâmbio de melhores práticas. O objetivo das discussões é o aprimoramento do controle externo e da auditoria pública em um mundo em constante transformação.

Os desafios são muitos, mas acredito firmemente no sucesso do Congresso, sob a liderança do TCU, para ouvir a voz de todos e compartilhar os resultados com vistas ao benefício mútuo.
A realização do evento e a liderança da Intosai implicam benefícios que vão além da integração e da troca de experiências. Esse é um encontro que proporciona o desenvolvimento de ferramentas e de iniciativas que, no longo prazo, beneficiam a organização e a comunidade como um todo.

Frente a esse cenário desafiador, mas promissor, faço um convite a todas as EFS: envolvam-se, participem e tragam suas visões, dúvidas e dificuldades para o debate do XXIV Incosai.
Esta é uma oportunidade ímpar de ampliar a voz global da Intosai!

Estou segura de que a cooperação, o esforço conjunto e o empenho da nossa comunidade internacional de auditoria pública resultarão em um Congresso bem-sucedido, que gerará resultados concretos para os cidadãos de todo o mundo!

Ministra

Ana Arraes

President of the Federal Court of Accounts – Brazil (TCU)

It is with great pleasure and honor that the Federal Court of Accounts – Brazil (TCU) hosts the XXIV International Congress of Supreme Audit Institutions, to be held in November 2022, in Rio de Janeiro.

The event takes place at a crucial time. The world has been severely impacted by the Covid-19 pandemic. Even though we still cannot predict when this crisis will be overcome, this scenario highlights even more the importance of international cooperation.

This crisis has no borders and, consequently, the solutions to solve it cannot be carried out individually. By standing together we can work and contribute concretely to meet the demands of our society with more assertiveness and quality.

Every three years, INCOSAI gathers representatives of Supreme Audit Institutions from around the world for a week of debates and exchange of best practices. These discussions aim to improve external control and public auditing in a world in constant transformation.

The challenges are many, but I firmly believe that under the TCU’s leadership the Congress will succeed in listening to the voice of all and sharing the results, with a mutual benefit in mind.

The upcoming event and INTOSAI’s leadership imply benefits that go beyond integration and the exchange of experiences. This is a meeting that provides the development of tools and initiatives that, in the long run, benefit the organization and the community as a whole.

Given this challenging but promising scenario, I extend an invitation to all SAIs: get involved, participate and bring your visions, doubts and difficulties for debate at the XXIV INCOSAI.

This is a unique opportunity to amplify INCOSAI’s global voice!

I am confident that the cooperation, joint effort and commitment of our international public audit community will result in a successful Congress that will bring forth concrete results for citizens around the world!
Minister Ana Arraes, President of the Federal Court of Accounts – Brazil (TCU